quarta-feira, 9 de agosto de 2017

VOCÊ GOSTARIA  DE TER UM PRESIDENTE DA REPÚBLICA QUE FOSSE UM  TROGLODIA, VIOLENTO, AMEAÇADOR?!?!?!  






Carlos Andreazza



Jair Bolsonaro é candidato a presidente, tem cerca de 15% nas pesquisas e vem de alugar um partido para concorrer. Nunca, porém, geriu algo que não a vida dos filhos. Precisa, pois, ser tratado seriamente. Cabe ao jornalismo tirá-lo da bolha tuiteira em que alguém como ele pode ser considerado solução para o Brasil e lhe franquear microfones para que fale o que pensa sobre o país.



Urge ouvi-lo sobre o tamanho do Estado, sobre reformas, sobre economia em geral — suas opiniões conhecidas a respeito precisam de decodificação antes de poderem ser tidas por alarmantes. Urge ouvi-lo sobre segurança pública, assunto que — com razão — define (é o único a fazê-lo) como prioridade e que seu militarismo sugere ser sua especialidade. Será?



É hora de investigar suas aptidões — excluída a capacidade, comprovada, de se autopromover como zelador dos costumes conservadores do brasileiro médio.



Deputado federal desde 1991, mas que já DEFENDEU O FECHAMENTO DO CONGRESSO, quer ser presidente (JÁ POSTULOU O FUZILAMENTO DE UM, FHC, POR TER PRIVATIZADO A VALE) empunhando as mesmas bandeiras — de natureza legislativa — que agita há décadas, o que de prático só resultou em fama para o agitador. Ou a agenda progressista não terá avançado livremente na Câmara justo no período mais histérico de Bolsonaro?



Não tendo, pois, conseguido defender a tradicional família brasileira no Parlamento, o lugar apropriado (onde, no entanto, acabou ingenuamente emboscado pelo vitimismo de Maria do Rosário), ele agora pretende levar sua causa ao Executivo, lá onde nada poderia fazer a respeito — SENÃO POR MEIO DE UMA DITADURA. Como não lembrar, a propósito, que já elogiou Fujimori por intervir militarmente no Judiciário e no Legislativo peruanos?



Que eu escreva o óbvio: houvesse uma direita no Brasil, e Bolsonaro seria nota de rodapé exótica na história. ELE É PRODUTO DA DOENÇA POLÍTICA BRASILEIRA, indivíduo cujo protagonismo é tão decorrente da miséria cultural em que se constitui a vida pública entre nós quanto simbólico de um país que se deixou cuspir aos extremos sem haver cevado o equilíbrio, o dissenso, a própria matéria com a qual se esculpe uma nação.



Que o militarista estatista Bolsonaro seja confundido com um conservador é prova de que a esquerda venceu. Que alguém com o histórico de indisciplina — de desafio à hierarquia — militar de Bolsonaro, um oficial de carreira sofrível, SEJA TOMADO POR VOZ DAS FORÇAS ARMADAS É SIMBÓLICO DAS TRÊS DÉCADAS DE SUCATEAMENTO A QUE EXÉRCITO, MARINHA E AERONÁUTICA foram impostos desde o fim do regime militar.



O autocrata Bolsonaro é obra-prima do plano de hegemonia esquerdista, aquele que, ao ocupar todos os espaços de produção-divulgação do pensamento, empastelou a chance de que aqui houvesse um partido conservador ao menos. O fato de o PSDB ser considerado de direita é autoexplicativo do modo como as ideias liberais e conservadoras foram excluídas do debate público brasileiro, deformadas a uma única existência — aceitável porque útil: a do extremo.



Bolsonaro é útil. Mas não inocente. Depende da inexistência da direita no Brasil tanto quanto da demonização da política. CONSTRUIU A PRÓPRIA MITOLOGIA NESSE VÁCUO DEMOCRÁTICO. Num país desprovido de representação conservadora, aceitou a ponta que seria dada a qualquer um que não se constrangesse em encenar o papel de extremista escrito pela narrativa da esquerda. Ele topou; intuiu que, sobretudo a partir da ascensão do PT, haveria cristãos dispostos a embarcar na conversa do político que incorporasse o antipetismo. Ele cresceu — cresce — com Lula. LULA TORCE PARA TÊ-LO COMO ADVERSÁRIO. Um olhar de Geisel para a nação, aliás, une-os.



Da mesma forma que o PSDB é a direita falsificada pelo establishment, a que faz o contraponto ao PT, a esquerda que disputa o poder, Bolsonaro é a direita consentida, a extrema, o radical desejado, necessário ao status quo, o ultrainofensivo, que interdita o surgimento de uma direita democrática e que legitima a persistência da esquerda que ainda ousa associar socialismo e liberdade.



Na última quarta, ele votou pela aceitação da denúncia contra Temer. Sintomaticamente, votou como Jandira Feghali e Jean Wyllys. Não houve cusparada dessa vez. Nem discurso. Bolsonaro não homenageou o torturador Ustra nem o ex-deputado Cunha — como quando da votação do impeachment de Dilma. Naquela ocasião, ele também se manifestara pelo afastamento de um presidente.



Bolsonaro é assim. NÃO TEM BANDIDO DE ESTIMAÇÃO, embora tenha permanecido por dez anos no mensaleiro PP. Ele é plano, direto: contra a corrupção; tipo intolerante a nuances, como só possível a um ser desprovido de lastro intelectual, incapaz de compreender sequer rudimentarmente o momento histórico.



Como todos aqueles erigidos no barro do personalismo, é refém da vontade sanguínea dos que o idolatram, daí porque ora atado à camisa de força do jacobinismo em curso — que a todos iguala com método, como se entre os políticos criminosos não houvesse aqueles, maiores, que assaltaram o Estado em prol de um projeto autoritário de poder.



Como todo inflexível em causa própria, ele só transige — pulando de PP em PSC, de PSC em PEN — SE PARA CULTIVAR A MITOLOGIA SOBRE SI. O PARTIDO SOU EU — DIRÁ. O HONESTO SOU EU — diz. Logo: e daí que seu voto seja presente aos esquerdistas que propagandeia combater? É o preço que paga todo arrivista. E ELE SEMPRE PODERÁ SE ESCUDAR NA CANALHICE SEGUNDO A QUAL VOTOU COMO JANDIRA E JEAN, mas por motivos diversos. É ASSIM, COM PUREZA, COM DISTINÇÃO, QUE UM MITO PRESTA SERVIÇO AO PT. - A manchete e a imagem não fazem parte do texto original -

4 comentários:

Waltão disse...

EU VOTARIA NELE SIM, BOSTA MAIOR DO QUE JÁ EXISTE

E CIRCULA POR AÍ É IMPOSSÍVEL !!!!!!!!!!!!!!

Altamir Pinheiro disse...

ANÔNIMO, POR FAVOR!!! VÁ LER UMA GRAMÁTICA DE PORTUGUÊS, ANALFABETO DE PAI, MÃE E PARTEIRA...

Waltão disse...

JUISO ????????????????? (SIC) BEM SE VÊ QUE É PETISTA !!!!!!!!!

Anônimo disse...
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