terça-feira, 13 de junho de 2017

A PETEZADA SAFADA QUER RETORNAR AO PODER A QUALQUER CUSTO, APESAR DE TER DESTRUÍDO O PAÍS...  


Carlos Andreazza

Este O GLOBO publicou, em 8 de junho, um artigo do deputado CARLOS ZARATTINI, LÍDER DO PT NA CÂMARA e eleitor de Michel Temer em 2010 e 2014, para cujo mandato não só deu voto como trabalhou, mas cujo governo agora chama de ILEGÍTIMO. Não é forma honesta de lidar com a soberania popular, sobretudo quando o texto em questão — de um petista — atribui às ELEIÇÕES DIRETAS força para vencer crise cavada e aprofundada por petistas eleitos.


Tenho dúvidas sobre se uma eleição legalmente imprevista seria capaz de resolver sequer um problema brasileiro. Estou certo, porém, de que a democracia seletiva de Zarattini não está preocupada com solução, SENÃO COM UMA QUE RECOLOQUE O PT NO PODER. Há intenção no simplismo.


O artigo é, portanto, um panfleto — um panfleto a favor de eleições diretas a presidente e para o Congresso, caso Temer caisse. Sendo assim — dependente, pois, de uma emenda constitucional —, é estranho que, em sete parágrafos, não haja uma referência à Constituição Federal. (Ao apontar o dedo para corruptos adversários, o deputado tampouco menciona a ODEBRECHT como corruptora; por quê?) É estranho, mas compreensível: o PT não respeita a Carta Magna, cuja promulgação se RECUSOU A ASSINAR, e a trata como massa de modelar para seus interesses de ocasião.


Zarattini é agente e vítima dessa cultura oportunista, de matriz autoritária, que ora se articula para que o maior assalto ao Estado já havido no país — PROMOVIDO PELO PT — confunda-se com o conjunto de crimes investigados pela Lava-Jato, como se tudo fosse o mesmo. Não é, mas o artigo que escreveu é integrante desse esforço de distorção e opera com método o programa mistificador capaz de atribuir a Temer — sócio minoritário no arranjo que pilhou a República — os 14 milhões de desempregados DECORRENTES DOS ANOS EM QUE O PT SE BANQUETEOU DO BRASIL PARA EMPANZINAR SEU PROJETO DE PODER.


Petistas já nascem com o chip para classificar a política econômica alheia como “ELITISTA”, “ORTODOXA” e “DESASTROSA”. Mas como reagiriam — sem o recurso à histeria — caso confrontados com a versão segundo a qual elitista mesmo foi a política econômica dos governos do PT? Já virou senso comum que o sistema financeiro nunca ganhou tanto dinheiro quanto nas gestões petistas. Não sei se procede, não fiz as contas; tampouco, porém, vi banqueiro reclamar. Incontornável é que a expansão irresponsável do crédito para quem nunca o teve pode ter sido uma maravilha pontual para o trabalhador, mas o foi também — aí, longamente — para quem o concedeu. Com o tempo, o artifício se mostraria insustentável, aos mais pobres só restaria o endividamento — e, aos bancos, a graça espichada dos juros provenientes do pagamento dessas dívidas. NÃO É NA REBARBA DESSA MISÉRIA QUE AINDA ESTAMOS?


Isso eu chamo de política econômica elitista – e desastrosa. Sobrou, contudo, a ortodoxia. Ocorre que Zarattini escreve sobre “a desnacionalização da economia, com entrega irresponsável de riquezas nacionais a grupos estrangeiros, como o pré-sal”. Fala ainda em defesa da “política de conteúdo local para o setor de petróleo e gás” — e exige “o reforço à Petrobras”. Difícil ser mais ortodoxo que isso. Ou o leitor não terá lembrança sobre no que deu a nacionalização da economia, com entrega irresponsável de riquezas nacionais a grupos nacionais, como o pré-sal? Ou não terão sido os governos petistas, apaixonados pela época do general Geisel, a ofertar as tetas do Estado — sobretudo via BNDES — para que campeões nacionais como EIKE BATISTA enriquecessem sob o delírio megalômano e cleptocrático da política de conteúdo local para o setor de petróleo e gás? Hein? E a Sete Brasil? (A respeito do reforço à Petrobras, suponho que se trate de um pleito para que a estatal contrate craques como os saudosos Paulo Roberto Costa e Renato Duque.)

Zarattini considera que Temer não tem condições de governar. É possível. Mas isso, de acordo com o deputado, porque pressionado por uma sociedade conflagrada — e, por sociedade conflagrada, reputa aqueles mil e poucos abastados que protestaram em Copacabana ao som de Caetano Veloso, e a meia dúzia de terroristas que depredou patrimônio público em Brasília. Zarattini avalia que um presidente eleito democraticamente não tem legitimidade, mas que legítimo será violar três artigos da Constituição e mudar a conformação do tabuleiro mesmo com a partida já avançada.


O texto se acerca do fim. O deputado, então, apresenta sua proposta sobre o que seriam as eleições diretas segundo o PT: um processo amplo, democrático e — esperei a leitura inteira por isto — “SEM FINANCIAMENTO EMPRESARIAL”. Opa! No penúltimo parágrafo, Zarattini infiltra o sonho maior do petismo: QUE O ESTADO PAGUE MAIS ESSA CONTA E BANQUE AS CAMPANHAS ELEITORAIS.


Para concluir, o deputado, que não fala da ODEBRECHT (por que será?), sente-se à vontade para citar a corrupção da JBS — como se não fosse o PT o pai da criança. Zarattini deve ter sido convencido — por Janot e Fachin — de que Temer é o bandido protagonista do crime que financiou o império artificial dos Batista. A DESINFORMAÇÃO FUNCIONA. O nome de Lula não aparece no artigo, mas é tudo para ele.

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