segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Conheça a trajetória conturbada do homem mais odiado do que Bin Landen pelas forças armadas dos Estados Unidos.



EIS UMA BOA OPORTUNIDADE PARA SE CONHECER MELHOR O PENSAMENTO DO JORNALISTA E ATIVISTA AUSTRALIANO, JULIAN ASSANGE, FUNDADOR DO SITE WIKILEAKS, CRIADOR DE UMA PONTENTE FERRAMENTA DE DIVULGAÇÃO DE DOCUMENTOS SECRETOS E COMPROMETEDORES DE AUTORIDADES POLÍTICAS/MILITARES DE DIVERSOS PAÍSES, INCLUSIVE DO BRASIL(MENSALÃO). RECENTEMENTE, NUMA ENTREVISTA CONCEDIDA AO JORNAL ESPANHOL EL PAÍS, O AUSTRALIANO QUE TEM TUTANO E NÃO ABRE NEM PARA UM  TREM COM UM DOIDO FUMANDO EM CIMA, AFIRMOU QUE RECEBE AMEAÇAS DE MORTE COM FREQUÊNCIA DESDE QUE SEU SITE VAZOU DOCUMENTOS SIGILOSOS DA DIPLOMACIA DOS ESTADOS UNIDOS E DE ESTRATÉGIAS MILITARES NORTE-AMERICANAS E DE ALIADOS NAS GUERRAS DO AFEGANISTÃO E IRAQUE. "RECEBO AMEAÇAS DE MORTE A TODA HORA. MEU ADVOGADO AS RECEBE, MEUS FILHOS AS RECEBEM", DECLAROU. SEGUNDO ELE, A MAIORIA DAS AMEAÇAS "PARECE VIR DE INTEGRANTES DAS FORÇAS ARMADAS DOS EUA". VAMOS A ENTREVISTA COM O APRESENTADOR DE TELEVISÃO CHRIS ANDERSON:

CHRIS ANDERSON: BEM VINDO, JULIAN. FOI DIVULGADO QUE O WIKILEAKS, DIVULGOU... NOS ÚLTIMOS ANOS  MAIS DOCUMENTOS SIGILOSOS DO QUE O RESTO DE TODA A MÍDIA DO MUNDO JUNTA. ISSO PODE SER VERDADE?

JULIAN ASSANGE: É, isso pode ser verdade? É uma preocupação -- não é? -- Que o resto da mídia do mundo esteja fazendo um trabalho tão ruim que um grupinho de ativistas consegue publicar mais informações desse tipo do que o resto da imprensa mundial junta.
CA: COMO ISSO FUNCIONA? COMO AS PESSOAS DIVULGAM OS DOCUMENTOS? E COMO VOCÊ GARANTE A PRIVACIDADE DELAS?
JA: Acontece que eles são -- ao que sabemos -- informantes clássicos. E temos uma variedade de maneiras para que eles possam fornecer informações para nós. Então usamos criptografia de última geração para fazer as coisas pularem pela internet, para esconder as trilhas, fazer que elas atravessem as jurisdições legais como a Suécia e a Bélgica para legalizar essas proteções legais. Recebemos informações por correio, o correio normal, codificado ou não, analisamos como uma organização de notícias normal, formatamos -- o que às vezes é muito difícil de fazer, quando se fala sobre gigantescos bancos de dados de informações -- divulgamos isso para o público e então nos defendemos contra os inevitáveis ataques políticos e legais,
CA: ENTÃO VOCÊS SE ESFORÇAM PARA GARANTIR QUE OS DOCUMENTOS SÃO LEGÍTIMOS. MAS VOCÊS REALMENTE QUASE NUNCA SABEM QUEM É A IDENTIDADE DA FONTE.
JA: É isso, sim. É muito raro sabermos. E se descobrirmos em algum momento então nós destruímos essa informação o quanto antes (telefone toca) Que droga.
(Risos)
CA: ACHO QUE É A CIA PERGUNTANDO QUAL É O CÓDIGO PARA SER UM MEMBRO DO TED.
(Risos)
VAMOS VER UM EXEMPLO, DE FATO. ISSO É ALGO QUE FOI VAZADO ALGUNS ANOS ATRÁS. SE NÓS PUDERMOS MOSTRAR ESSE DOCUMENTO... ESSA É UMA HISTÓRIA NO QUÊNIA HÁ ALGUNS ANOS. VOCÊ PODE NOS CONTAR O QUE VOCÊ VAZOU E O QUE ACONTECEU?
JA: Esse é o Relatório Kroll Era um relatório de inteligência secreto encomendado pelo governo do Quênia após a sua eleição em 2004 Antes de 2004, o Quênia era governado por Daniel arap Moi por uns 18 anos. Ele era um ditador moderado do Quênia E quando Kibaki chegou ao poder -- através de uma coligação de forças que tentavam acabar com a corrupção no Quênia -- eles pagaram esse relatório, gastaram mais ou menos 2 milhões de libras nisso e em um outro relatório. E então o governo o engavetou e usou isso para negociação política com Moi, que era o homem mais rico -- e ainda é o homem mais rico - do Quênia Esse é o Santo Graal do jornalismo queniano. Então eu fui até lá em 2007, e consegui ter acesso a isso pouco antes da eleição nacional em 28 de dezembro. Quando lançamos esse relatório, o fizemos 3 dias depois que o novo presidente, Kibaki, tinha decidido se unir com o homem que ele deveria tirar do poder, Daniel arap Moi. Esse relatório então se tornou um albatroz morto no pescoço do presidente Kibaki.
CA:  QUERO DIZER, PARA ENCURTAR UMA LONGA HISTÓRIA, A NOTÍCIA DE QUE O RELATÓRIO VAZOU CHEGOU NO QUÊNIA NÃO PELA MÍDIA OFICIAL, MAS INDIRETAMENTE. E, NA SUA OPINIÃO, ISSO MUDOU OS RUMOS DA ELEIÇÃO?
JA: Sim. Isso foi a primeira página do Guardian e foi impresso em todos os países ao redor do Quênia na imprensa da Tanzânia e da África do Sul. E aí, entrou no país vindo de fora. E isso, depois de alguns dias, fez com que a mídia do Quênia se sentisse livre para comentar a respeito. E passou por 20 noites direto na TV queniana, mudou as intenções de voto em 10 por cento, de acordo com um relatório de inteligência do Quênia, isso mudou o resultado da eleição.
CA: PUXA, ENTÃO O SEU VAZAMENTO MUDOU SUBSTANCIALMENTE O MUNDO?
JA: Sim.
(Aplausos)
CA: Agora -- nós vamos mostrar um pequeno trecho de um vídeo de um ataque aéreo a Bagdá. O video é mais longo. Mas aqui vai um pequeno trecho. Esse é -- esse é um material intenso, devo avisá-los.
Radio:.. de sacanagem, quando você os pegar apenas abra-os Eu vejo seu elemento, uh, tem uns 4 Humvees, uh junto... Você está liberado. Certo. Atirando. Me avise quando você os pegar. Vamos atirar. Explodam eles. Vamos, fogo! (metralhadoras atirando) Continue atirando, continue atirando. (metralhadoras atirando) Continue atirando. Hotel ...Bushmaster 2-6, Bushmaster 2-6, temos que sair, comece a contar! Certo, nós confrontamos todos os oito indivíduos. Sim, nós vemos dois passaros [helicópteros], e ainda estamos atirando. Entendido. Eu peguei eles. 2-6, aqui é o 2-6, estamos móveis. Ops, Desculpe, O que está havendo? Droga, Kyle. Certo, hahahaha. Eu acertei eles.
CA: E QUAL FOI O IMPACTO DISSO?
JA: O impacto sobre as pessoas que trabalharam nisso foi severo. Acabamos mandando duas pessoas a Bagdá para pesquisar mais essa história. Esse é apenas o primeiro de três ataques que aconteceram naquela cena.
CA: ENTÃO, QUER DIZER, 11 PESSOAS MORRERAM NESSE ATAQUE, CERTO, INCLUINDO DOIS FUNCIONÁRIOS DA REUTERS?
JA. Isso. Dois funcionários da Reuters, duas crianças foram feridas. Houve algo entre 18 e 26 pessoas mortas no total.
CA: E DIVULGAR ISSO CAUSOU REVOLTA GENERALIZADA. QUAL FOI O ELEMENTO CHAVE DISSO QUE CAUSOU A REVOLTA, O QUE VOCÊ ACHA?
JA: Eu não sei. Acho que as pessoas puderam ver a enorme disparidade de forças. Você vê homens andando nas ruas relaxados, e então um helicóptero Apache aparece em uma esquina disparando balas de canhão de 30 milimetros em todo mundo -- procurando qualquer desculpa para fazer isso -- e matando as pessoas que estão resgatando os feridos. E esses dois jornalistas envolvidos, que claramente não eram insurgentes, porque esse era o trabalho deles em tempo integral.
CA: QUERO DIZER, UM ANALISTA DE INTELIGÊNCIA AMERICANO, BRADLEY MANNING, FOI PRESO. E SUPOSTAMENTE ELE CONFESSOU NUMA SALA DE CHAT QUE ENVIOU ESSE VIDEO PARA VOCÊ, JUNTO COM 280.000 TELEGRAMAS SIGILOSOS DA EMBAIXADA AMERICANA. QUER DIZER, SERÁ QUE ELE MANDOU?
JA: Bem, nós negamos ter recebido esses telegramas. Ele foi indiciado, uns  dias atrás, por ter obtido 150.000 telegramas e divulgar 50. Agora, nós publicamos no início do ano um telegrama da embaixada americana em Reykjavik, Mas que não era necessariamente conectado a esses. Quero dizer, eu era um visitante conhecido daquela embaixada.
CA: BEM, SE VOCÊ RECEBEU MILHARES DE TELEGRAMAS DIPLOMÁTICOS DA EMBAIXADA AMERICANA...
JA: Nós os teríamos liberado.
 (CA: Teriam?)
JA: Sim.
(CA: Porque?)
JA: Bem, porque esse tipo de coisa revela o estado real de, digamos, como são governos árabes, os reais abusos de direitos humanos nesses governos. Se você olhar os telegramas não confidenciais, é o tipo de material que está lá.
CA: ENTÃO VAMOS FALAR UM POUCO MAIS SOBRE ISSO. EM GERAL, QUAL É A SUA FILOSOFIA? POR QUE É CORRETO ENCORAJAR O VAZAMENTO DE INFORMAÇÕES SECRETAS?
JA: Bem, há a questão sobre que tipo de informação é importante para o mundo, que tipo de informação pode gerar uma reforma. E há muita informação. Então as informações que organizações estão fazendo um esforço econômico para esconder, isso é um bom sinal de que quando essa informação estiver disponível, há uma esperança dela fazer algo bom. Porque as organizações que sabem das coisas, que conhecem tudo de dentro para fora, estão tendo trabalho para esconder. E isso é o que descobrimos com a prática. E essa é a história do jornalismo.
CA: MAS HÁ RISCOS NISSO, TANTO PARA OS INDIVÍDUOS ENVOLVIDOS OU ATÉ PARA A SOCIEDADE TODA, EM QUE VAZAR PODE TER UMA CONSEQUÊNCIA NÃO INTENCIONAL?
JA: Não observamos isso com coisa alguma que tenhamos divulgado. Nós temos uma política de imunização a danos. Nós temos uma maneira de lidar com informações que tenham alguma coisa de pessoal -- identificando pessoalmente a informação ali. Mas há segredos legítimos -- você sabe, seus registros com seu médico, esse é um segredo legítimo. Mas nós lidamos com informantes que estão se apresentando realmente bem motivados.
CA: ENTÃO ELES ESTÃO BEM MOTIVADOS. E O QUE VOCÊ FALARIA, POR EXEMPLO, AOS PAIS DE ALGUÉM -- CUJO FILHO ESTÁ SERVINDO O EXÉRCITO AMERICANO NO EXTERIOR, E ELE DIZ, "SABE DE UMA COISA, VOCÊ PUBLICOU ALGO QUE ALGUÉM TINHA UM INCENTIVO PARA LIBERAR. E MOSTRA UM SOLDADO AMERICANO RINDO DE PESSOAS MORRENDO. ISSO DÁ A IMPRESSÃO -- DEU A IMPRESSÃO A MILHÕES DE PESSOAS NO MUNDO TODO DE QUE OS SOLDADOS AMERICANOS SÃO DESUMANOS. NA VERDADE, ELES NÃO SÃO. MEU FILHO NÃO É. COMO VOCÊ OUSA INSINUAR ISSO? O QUE VOCÊ FALARIA PARA ISSO?
JA: É, nós recebemos um monte disso. Mas lembre-se, as pessoas em Bagdá, as pessoas no Iraque, as pessoas no Afeganistão -- eles não precisam ver o vídeo; eles vêem isso todos os dias. Então isso não vai mudar a opinião deles. Não vai mudar a percepção deles. É isso que eles vêem todos os dias. Isso vai mudar a percepção e opinião daqueles que estão pagando por tudo isso. E essa é a nossa esperança.
CA: ENTÃO VOCÊ ACHOU UMA MANEIRA DE JOGAR UMA LUZ NO QUE VOCÊ VÊ COMO SENDO ESSE TIPO DE SEGREDOS MACABROS DAS EMPRESAS E GOVERNOS. A LUZ É BOA. MAS VOCÊ NOTA A IRONIA NO FATO DE QUE PARA VOCÊ JOGAR ESSA LUZ, VOCÊ MESMO TEM QUE, CRIAR UM SEGREDO AO REDOR DAS SUAS FONTES?
JA: Não. Quero dizer, nós não temos nenhum dissidente da WIKILEAKS ainda. Nós não temos fontes que são dissidentes de outras fontes. Caso eles apareçam, isso seria uma situação difícil para nós. Mas presumimos que agindo dessa maneira as pessoas sentem-se moralmente obrigadas a continuar a nossa missão, a não ferrar com tudo.
CA: EU ESTARIA INTERESSADO, APENAS PELO QUE OUVI ATÉ AGORA -- QUERIA SABER A OPINIÃO DA AUDIÊNCIA DO TED. VOCÊ SABE, DEVE HAVER ALGUNS PONTOS DE VISTA SOBRE O WIKILEAKS E SOBRE O JULIAN. VOCÊS SABEM, O HERÓI -- O HERÓI DO POVO -- TRAZENDO ESSA LUZ IMPORTANTE. O ENCRENQUEIRO PERIGOSO. QUEM TEM A VISÃO DO HERÓI? E QUEM TEM A VISÃO DO ENCRENQUEIRO PERIGOSO?
JA: Ah, por favor. Deve ter algum.
É UM PÚBLICO MODERADO, JULIAN, UM PÚBLICO MODERADO. TEMOS QUE TENTAR MELHORAR. VAMOS DAR A ELES UM OUTRO EXEMPLO. AQUI ESTÁ UMA COISA QUE VOCÊS AINDA NÃO VAZARAM, MAS EU ACHO QUE NO TED PODERÍAMOS CONSIDERAR QUE O FARIAM. É UMA HISTÓRIA INTRIGANTE QUE ACABOU DE ACONTECER, CERTO? O QUE É?
Então essa é uma amostra do que fazemos todos os dias. No final do ano passado - em novembro do ano passado - houve uma série de explosões de poços na Albânia como o poço que explodiu no Golfo do México, mas não tão grande. E nós recebemos um relatório -- um tipo de análise de engenharia do que havia acontecido -- afirmando que, de fato, os seguranças de algum concorrente, várias empresas de petróleo competindo haviam, de fato, estacionado caminhonetes lá e as explodido. E parte do governo da Albânia estava envolvido, etc, etc, E o relatório de engenharia não tinha nada sobre isso. Então foi um documento extremamente difícil para nós. Nós não conseguíamos verificar porque nós não sabíamos quem escreveu isso e sabíamos qual era o propósito disso. Então ficamos meio céticos que talvez fosse uma empresa de petróleo concorrente que estava trazendo isso à tona. Baseados nisso, nós publicamos e dissemos, "Olhem, nós estamos céticos a respeito disso. Nós não sabemos, mas o que podemos fazer? O material parece bom, parece certo, mas nós não conseguimos verificá-lo" E recebemos uma carta essa semana da empresa que o escreveu, querendo rastrear a fonte -- (risos) dizendo, "Ei, nós queremos rastrear a fonte." E nós respondemos, "Conte-nos mais. A que documento, precisamente, você está se referindo? Você pode nos provar que tem alguma autoridade legal sobre esse documento? É realmente seu?" Então eles enviaram uma captura de tela com o autor na identificação do Microsoft Word. É. (Aplausos) Isso acontece bastante. Esse é um dos nossos métodos de identificar -- ou verificar o que é aquele material, é tentar fazer com que esses caras escrevam cartas.
CA: VOCÊ TEVE INFORMAÇÃO DE DENTRO DA BP?
JA: Sim, nós temos muitas, mas quero dizer, no momento, nós estamos fazendo uma captação de recursos e esforços de engenharia. E a nossa taxa de publicação nos últimos meses foi reduzida enquanto nós reconstruímos os nossos sistemas para o interesse público fenomenal que nós temos. Isso é um problema Quero dizer, como qualquer tipo de organização nova em crescimento, nós estamos surpresos com o nosso crescimento. E isso significa que estamos recebendo uma quantidade enorme de revelações de informantes de calibre bem alto, mas nós não temos pessoal suficiente para processar e cuidar dessa informação
CA: ENTÃO ESSE É O PRINCIPAL GARGALO, JORNALISTAS VOLUNTÁRIOS E/OU O FINANCIAMENTO DE SALÁRIOS DOS JORNALISTAS?
JA: Sim, e pessoas confiáveis. Nós somos uma organização que dificilmente vai crescer rapidamente por causa do tipo de material que lidamos. Então temos que reestruturar para ter pessoas que vão lidar com questões da mais alta segurança nacional, e também casos de segurança mais baixa.
CA: ENTÃO AJUDE-NOS A ENTENDER SOBRE VOCÊ PESSOALMENTE E COMO CHEGOU A FAZER ISSO. E ACHO QUE LI QUE, QUANDO ERA CRIANÇA VOCÊ ESTUDOU EM 37 ESCOLAS DIFERENTES. SERÁ QUE ISSO ESTÁ CERTO?
JA: Bem, meus pais trabalhavam no negócio de cinema e depois em um culto, então juntando os dois
(Risos)
CA: UM PSICÓLOGO PODERIA DIZER QUE ESSA É A RECEITA PARA CRIAR A PARANÓIA
JA: O que, o negócio de cinema?
(Risos)
(Aplausos)
CA: E VOCÊ ERA TAMBÉM -- QUERO DIZER, VOCÊ ERA UM HACKER DESDE JOVEM E TEVE PROBLEMAS COM AS AUTORIDADES LOGO CEDO.
 JA: Bem, eu era um jornalista. Sabe como é, eu era um jornalista ativista bem jovem. E escrevi uma revista, que foi processada por isso quando eu era um adolescente. Então você tem que tomar cuidado com hacker. Quero dizer, há um método que pode ser feito para várias coisas. Infelizmente, naquele momento, era mais usado pela máfia Russa para roubar a conta do banco da sua avó. Então essa frase não é -- tão legal quanto era antigamente.
CA: É, BEM, EU REALMENTE NÃO ACHO QUE VOCÊ ESTAVA ROUBANDO A CONTA DE BANCO DA AVÓ DE NINGUÉM. MAS E SOBRE OS SEUS VALORES? VOCÊ PODE NOS DAR UMA IDÉIA DO QUE ELES SÃO E TALVEZ ALGUM ACONTECIMENTO NA SUA VIDA QUE AJUDOU A DETERMINAR ESSES VALORES?
JA: Não tenho certeza sobre o acontecimento Mas os valores principais são: homens capazes e generosos não criam vítimas eles cuidam das vítimas. E isso era algo do meu pai e de outros homens capazes e generosos que participaram da minha vida
CA: HOMENS CAPAZES E GENEROSOS NÃO CRIAM VÍTIMAS; ELES CUIDAM DELAS?
JA: É e você sabe, Eu sou uma pessoa combativa, então eu não sou muito bom com essa parte de cuidar. Mas de alguma forma Há outra maneira de cuidar das vítimas, que é vigiar os autores do crime. Então isso é algo que está no meu caráter há bastante tempo
CA: ENTÃO CONTE-NOS, RAPIDAMENTE NESSE ÚLTIMO MINUTO, A HISTÓRIA: O QUE HOUVE NA ISLÂNDIA? VOCÊ PUBLICOU ALGO LÁ, TEVE PROBLEMAS COM UM BANCO, DEPOIS UMA EMPRESA DE NOTÍCIAS DE LÁ RECEBEU UMA PUNIÇÃO POR TER PUBLICADO A HISTÓRIA. AO INVÉS, ELES DIVULGARAM O SEU LADO DA HISTÓRIA. ISSO FEZ VOCÊ SER MUITO CONHECIDO NA ISLÂNDIA. O QUE ACONTECEU DEPOIS?
JA: Esse é um grande caso. A Islândia passou por essa grande crise financeira Foi o país mais afetado de todo o mundo. Seu setor financeiro correspondia a 10 vezes o PIB do resto da economia. Então, nós lançamos esse relatório em Julho do ano passado. E a TV nacional foi proibida de veicular cinco minutos antes de ir ao ar. Como se tivesse saído de um filme, a ordem foi colocada na mesa, e o apresentador falava "Isso nunca aconteceu antes. O que faremos?" Bem, vamos apenas mostrar o site então para preencher todo aquele tempo. E nós nos tornamos muito famosos na Islândia, fomos à Islândia e falamos sobre o assunto. E havia um sentimento na comunidade que isso nunca deveria acontecer novamente. E como resultado disso, trabalhando com alguns políticos islandeses e alguns especialistas em direito internacional, nós criamos um tipo de pacote legal para a Islândia se tornar um paraíso para a imprensa livre, com as maiores proteções jornalísticas do mundo, com um novo prêmio Nobel para liberdade de expressão. A Islândia é um país nórdico então, como a Noruega, é capaz de mexer no sistema. E, há apenas um mês, isso foi aprovado por unanimidade pelo parlamento islandês.
CA: UAU.
(Aplausos)
ÚLTIMA PERGUNTA, JULIAN. QUANDO VOCÊ PENSA SOBRE O FUTURO, VOCÊ ACHA QUE SERÁ MAIS COMO O "BIG BROTHER" EXERCENDO MAIS CONTROLE, COM MAIS SEGREDOS OU NÓS OBSERVANDO O "BIG BROTHER", OU TUDO ISSO ACONTECERÁ, NOS DOIS SENTIDOS?
JA: Eu não estou certo de como será. Há pressões enormes para harmonizar a legislação da liberdade de expressão e a legislação da transparência ao redor do mundo -- dentro da comunidade européia, entre a China e os Estados Unidos. Qual caminho vai tomar? É difícil ver. É por isso que hoje é um bom momento para se viver. Porque com apenas um pouco de esforço nós podemos mudar de um jeito ou de outro.
CA: BEM, PARECE QUE EU ESTOU REFLETINDO A OPINIÃO DO PÚBLICO AO DIZER, JULIAN, TENHA CUIDADO E DESEJO TODO PODER PARA VOCÊ.
JA: Obrigado, Chris
(CA: Obrigado.)
(Aplausos)
***Julian Assange nasceu em Townsville, Austrália e passou grande parte de sua juventude vivendo em Magnetic Island. Seus pais trabalhavam numa companhia de teatro itinerante. Em 1979, sua mãe, Christine, casou; seu marido era músico e fazia parte do grupo New Age conduzido por Anne Hamilton-Byrne. O casal teve um filho, mas se separarou em 1982 e travou uma disputa pela custódia do meio irmão de Assange. Sua mãe, então, levou os dois filhos para esconderijos pelos cinco anos seguintes. Assange mudou várias vezes de lugar durante sua infância, frequentando várias escolas diferentes, às vezes estudando em casa, e depois frequentando diversas universidades da Austrália. Em 1987, após completar 16 anos, Assange começou a "hackear" sob o nome "Mendax" (derivado de uma frase em latim, atribuída a Horácio: splendide mendax, que significa "esplêndido mentiroso"). Ele e mais dois outros hackers se uniram para formar um grupo chamado International Subversives ("Subversivos Internacionais"). Assange relembra as regras da subcultura: "Não danificar os sistemas de computador que você acessar (incluindo cometer falhas neles); não alterar as informações contidas nesses sistemas (exceto para alterar registros a fim de cobrir seus traços de acesso), e compartilhar informações. Em 1991, a Polícia Federal Australiana invadiu sua casa em Melbourne, e ele foi acusado de ter acessado os computadores de uma universidade australiana, da Nortel canadense e de outras organizações, via modem.  Em 1992, ele se declarou culpado de 24 acusações de hacking e foi libertado sob fiança por bom comportamento, depois de ser multado em  2.100 dólares australianos.  Recentemente, numa entrevista à Forbes, Assange comentou: "É um pouco chato, na verdade. Porque eu escrevi um livro sobre isso [ser hacker], existem documentários sobre isso, as pessoas falam muito sobre isso. Elas podem cortar e colar. Mas isso foi há 20 anos. É muito irritante ver artigos modernos me chamando de HACKER de computador (Pessoa que tenta forçar a entrada em um sistema de computação com objetivos criminosos). Eu não me envergonho disso, estou muito orgulhoso disso. Mas eu entendo a razão pela qual sugerem que eu sou um hacker de computador agora. Há uma razão muito específica
Fonte: TED.
Andrei Netto - O Estado de S.Paulo

3 comentários:

O WikiLeaks disse...

O WikiLeaks divulgou uma série de documentos que dão pistas de como atua O LOBBY DA INDÚSTRIA PETROLIFERA NA REGULAMENTAÇÃO DO PRÉ-SAL NO BRASIL. As mensagens publicadas compreendem 16 despachos enviados pelo Consulado dos EUA no Rio de Janeiro para o Departamento de Estado entre 28 de janeiro de 2008 e 11 de dezembro de 2009. Nem todos os documentos vazados tratam da questão do petróleo. Há “cabos” sobre segurança no Rio, tráfico de drogas, noticiário de imprensa, entre outros assuntos. A maioria tem baixo grau de confidencialidade. Apenas cinco são carimbados de “confidenciais”. Nenhum é “secreto”. O maior interesse nos documentos é saber o que chama a atenção da diplomacia norte-americana no Rio, entender quem é quem no jogo entre política e negócios, saber quais os interesses das petrolíferas estrangeiras na regulamentação da exploração do pré-sal, e como atuam para atingir seus objetivos.

Laércio malfatti disse...

Responder Este assunto, com os mesmos interlocutores, já havia sido divulgado na época dos acontecimentos. Refiro-me a Ian Bremmer, da Foreign Policy, quando sugeriu cautela nos negócios de investimento no Brasil frente a possibilidade da eleição de Dilma Rousseff. Tratou do caso do marco regulatório do pré-sal como reversível no caso da eleição de José Serra. Citou afinidade de interesses entre as petroleiras e José Serra. Ian Bremmer deve estar bem informado para orientar investidores internacionais.

Hadriel Ferreira disse...

Assange pratica um antiamericanismo camuflado de liberdade de expressão.
A democracia americana, forte e estabelecida em séculos e instituições fortes, está sujeita ao controle e a vigilância em seus excessos, no entanto, quem controla Assange? Isso é o estabelecimento de uma situação perigosa, onde um homem usa a liberdade de expressão para cometer crimes e justificar sua psicose. Prefiro confiar em instituições do que em vazamentos. Eles podem piorar muito as coisas.